Superando dificuldades, promessa na natação dá exemplo ao esporte cearense

21 de abril de 2009 - 16:09

A narrativa da atleta cearense Mirna Lorena Araújo, 13 anos, representa boa parte da biografia de outros milhares de brasileiros. A detentora de 115 medalhas – 18 conquistas em competições regionais e nacionais, reside com os pais e irmã mais nova em uma morada de apenas três cômodos no bairro Luciano Cavalcante. A renda dos pais, da dona-de-casa e do autônomo Paulo Alves, é inferior a um salário mínimo, beirando às cifras de R$ 400 por mês.

Para sustentar a família e o sonho de Mirna no esporte, Paulo Alves pedala mais de 10 Km por dia para levá-la aos treinos, no BNB Clube, e corre com dedicação para apoiar a filha. 'Somos muito pobres. Tenho até vergonha de receber a imprensa em nossa casa, mas sempre acreditamos no esporte para salvar e melhorar a nossa vida. Ele nos ensina valores únicos', relata o pai, que é corredor de rua há 26 anos. Hoje, o esporte garantiu bolsa do Governo do Estado no valor de R$ 260,00, já que Mirna consagrou-se Bolsa Esporte da Secretaria do Esporte do Estado (Sesporte) de nível III. 'Se não fosse essa ajuda, não sei do que seria a nossa vida', diz.

O convite para os treinamentos no BNB Clube surgiram diante dos resultados da atleta em provas no Estado, em sete anos de natação. 'Recordo bem. Em 1995, quando ela estava ainda na barriga da mãe, sonhei com o Troféu Kako Caminha [Brasileirão de natação nas modalidades Mirim e Petiz]', relata Paulo. O desejo do pai reflete-se nos treinamentos árduos da atleta que se divide entre a escola pública estadual Johnson e a piscina.

Mirna hoje ostenta três medalhas de ouro – 50m livre, 50m peito e 100m peito, justamente no Troféu Kako Kaminha, disputado em Aracaju (AL). Com os resultados, veio a classificação para participar do sul-americano Juvenil com a Copa Pacífico. 'Ela vai longe. Não tenho dúvidas disso', conclui o pai.