Cearense escolhida para a Seleção Brasileira de Judô vai disputar Sul-Americano no Equador

14 de abril de 2009 - 17:30

Judoca Karla Adriane Sousa é Bolsa de Alto Rendimento da Sesporte.

A judoca Karla Adriane Sousa, 18 anos, já é uma vitoriosa e um exemplo de sucesso da ONG Resgate dos Valores pela Arte (Revarte), criada em 1999, no Conjunto Alvorada, bairro popular de Fortaleza. Ao contrário de outros atletas que começam no tatame por volta de seis anos, ela só teve oportunidade aos 14. Em quatro anos, superou a falta de base na infância e, ano passado, deslanchou com a conquista de medalhas de bronze no Campeonato Brasileiro Júnior (Manaus-AM) e no Brasileiro Adulto (Teresina-PI), e medalha de ouro no Campeonato Brasileiro de Judô Regional II. Este ano, venceu a seletiva Sub-23 realizada em Salvador/BA, na categoria super-ligeiro (até 44kg) e garantiu vaga na seleção brasileira de judô. A equipe vai disputar o Sul-Americano da categoria em Quito, no Equador, em 23 de maio.

“Sinto muita alegria em representar o Ceará e o Brasil e estou treinando para trazer uma boa colocação”, diz Drica, como é mais conhecida. Ela conta que antes de descobrir a Revarte vivia brincando na rua. Com a entrada para a ONG e a descoberta do talento para o esporte, passou a “ter outros pensamentos”. Aluna do 3º ano do Ensino Médio em uma escola pública do bairro, a atleta sonha agora em chegar à faixa preta e em “ir para a Olimpíada”. O sonho pode ser concretizado uma vez que a seletiva da qual participou faz parte do Projeto Londres 2012.

O “descobridor” e treinador de Drica é José Caldeira Cardoso Neto. Engenheiro por formação, morava em São Paulo, pratica judô desde os seis anos e é faixa preta. Quando esteve em Fortaleza, conheceu a Revarte se encantou e propôs a introdução do judô entre as atividade. O projeto foi idealizado pela professora aposentada carioca Alice Domenech e é tocado por ela e a amiga, Lúcia Cardoso, mãe do treinador. Alice veio do Rio de Janeiro para Fortaleza em 1989 e passou a morar no Conjunto Alvorada. A partir da idéia de criar uma biblioteca para as crianças do Conjunto, as ações foram aumentando. Hoje tem aulas de flauta, violão, xadrez, crochê, desenho, inglês e recreação. Os critérios para participar são: estar na escola, ter boas notas e estar inscrito na biblioteca. São 1.500 crianças recadastradas. Por dia, mais de 100 crianças costumam frequantar a Revarte. Só no judô são 180.

José Caldeita lembra dos primeiros tempos do judô na ONG: “Consegui a doação de tatames e de tecidos para a confecção de quimonos. Quando abri as inscrições vieram muitos interessados”. Entre as crianças e adolescentes, estava Drica. “Ela sempre foi muito dedicada”, elogia. O alto desempenho da atleta fez com que fossem antecipados os planos para a área do judô na Revarte. “Pensávamos em um ano conquistar uma medalha, no outro mais uma…até chegar à Seleção. Mas tudo isso foi antecipado”, festeja. Para o Equador, Drica conta com o apoio da Confederação Brasileira de Judô e Secretaria do Esporte do Estado, que a consagrou com o benefício da Bolsa Atleta de Alto Rendimento.

Mas os desafios não terminaram, enquanto Drica se prepara para a viagem a Quito no fim de maio, José Caldeira diz que está sendo feito um esforço para conseguir patrocínio que garanta a ida da atleta e de mais três – Ana Sâmara, Ana Nimara e Nayane – para a seletiva sub 17 e Sub-19 em São Luís do Maranhão, também em maio, que é seletiva para o Sul-Americano Juvenil, a acontecer no Chile em junho próximo.

FONTE: www.boanoticia.org.br